sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

racional?

       O homem é um animal como qualquer outro. Mas, com certeza, algo o diferencia dos demais, já que os seres humanos têm a capacidade de pensar sobre o mundo e intervir nele de acordo com seus interesses, transformando a natureza e vivendo em sociedade, com uma organizaçao política e econômica. Somos seres racionais, que deixam de lado seus instintos para dar lugar à lógica, às ciências e às artes. Abdicamos do selvagem para viver de maneira civilizada, usando de nossas mentes para criar e inovar, buscando a melhor qualidade de vida para nós e entender ao máximo o mundo e o universo em que vivemos. Novas técnicas e tecnologias buscam facilitar nossas vidas. Queremos, cada vez mais, controlar mais o mundo em que vivemos para que ele esteja ao nosso dispor. E, em teoria, quanto mais próximo chegamos disso, mais evoluida a sociedade.
       Deixando de lado o papo de eco-chato de que tem que se respeitar a natureza e usar dela com responsabilidade e equilibrio... acredito que a ideia de melhorar a sociedade ao máximo por meio da busca de controle do mundo de que o homem moderno inicialmente partiu para o que temos hoje é um tremendo paradoxo. Sim, a tecnologia evoluiu para patamares nunca antes imaginados, a medicina está ficando inacreditável e a internet revolucionou nossa forma de viver de uma maneira inexplicável, mas, no geral, a vida da sociedade está melhor? A resposta é não. Vivemos em um mundo em que a maioria da população é pobre ou miserável. Temos a tecnologia de ponta que nos permite quase tudo aí, mas quantas pessoas têm acesso a ela? Muito, mas muito poucas. A desigualdade sem tamanho que enfrentamos impede a sociedade de melhorar. Tudo porque o sistema em que hoje estamos inseridos é injusto e ele é injusto porque o homem acabou por construi-lo assim.
        Aquilo que nos distinguia dos demais animais parece ter sido colocado de canto pelo homem no decorrer da história. Abusamos de nossa racionalidade para criar, mas não a usamos para pensar no próximo, pensar no mundo como um todo. Durante o processo de desenvolvimento da tecnologia, o ser humano agiu como um selvagem. Foi criando e criando,  mas usando de suas criações apenas para o beneficio próprio, não pensou nos outros, mas usou dos outros como alavanca para seu cada vez maior enriquecimento. Passou a, além de dominar a natureza, dominar os outros seres humanos, buscando chegar ao topo da cadeia e se tornar o mais poderoso. É isso que tornou e torna o mundo desigual como é, uma mentalidade individualista materialista. A ganância cegou a racionalidade do homem o levando a submeter sua própria espécie e o capitalismo se tornou selvagem, um capitalismo sem fronteiras que passa por cima de tudo e todos. Não evoluimos em nada.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

do underground para o mainstream

        Pegue o cd mais recente de uma banda de rock reconhecida internacionalmente que lota estádios pelo mundo todo. Agora pegue o cd mais recente de uma banda de rock (de preferência um gênero de rock similar ao da anterior) desconhecida, independente que toca no barzinho da esquina por uns trocados. Compare os dois. A primeira diferença que você notará é na produção, na qualidade das gravações e na limpeza do som. Obviamente, a primeira banda tem muito mais grana e é vinculada a uma puta de uma gravadora e um produtor musical fudidos, logo dará de dez a zero nesses atributos. A segunda terá som de garagem, poluido e mal acabado. Até aí beleza, não é isso que vai determinar que banda é melhor. Seguindos pelas faixas dos dois álbuns, você encontrará a principal caracterítisca que distinguirá os dois sons: os elementos pop.
        Os álbuns de uma grande banda de rock de sucesso tendem a ter algumas faixas mais melódicas, leves, numa levada calma e de fácil digestão. Em paralelo, uma banda do cenário underground tende a manter o som pesado durante todo o álbum porque, afinal de contas, eles são uma banda de rock e esse é o som deles! O motivo pelo qual bandas famosas mundialmente tendem a soar mais pop é simples. O pop, como já diz o nome, é um som popular. É um som que acaba por agradar o público em geral por ser de fácil assimilação.  E os conjuntos que estão no mainstream, com alta divulgação na mídia, fazem músicas desse gênero para abranger um maior número de pessoas e, com isso, ganhar mais dinheiro. O processo acontece mais ou menos assim: uma banda desconhecida ao, por alguma razão como esforço próprio, conseguir fazer um pouco mais de sucesso e se destacar, atrae os olhares das gravadoras. As gravadoras de cds notam um talento ali, algo que cai no gosto dos fãs, e caem em cima da banda de roqueiros que não têm onde cairem mortos com contratos milionários com zeros que não acabam mais. Ao assinar esse contrato, a banda cai na mão da gravadora e é obrigada a mudar milhares de coisas, como por exemplo deixar o som mais pop para aumentar a legião de fãs e deixar a gravadora ainda mais rica. Nesse exato momento, a banda passa do underground para o mainstream.
        Não são todas as bandas que aceitam se vender dessa forma para o sistema, por assim dizer. Muitas veem isso como ir contra seus valores subversivos e alimentar a cruel máquina capitalista, outras não pensam nem duas vezes - também, os caras nunca viram tanta grana na vida! O fato é que muitas entram no barco e, tentando ganhar público para as gravadoras, acabam por perder seus fãs mais radicais. O Dire Straits já dizia "Get the money for nothing and get chicks for free", criticando a atitude de vender "sua alma" por dinheiro. Eu concordo em parte porque, como tudo, a história tem dois lados. Se por um lado os questionadores do sistema passam a alimentá-lo - é, o rock acabou virando uma máquina de dinheiro nas mãos das empresas - por outro, temos divulgadas excelentes bandas antes escondidas. Sim, os caras mudaram um pouco o som, viraram pop, mas ainda assim ainda continuarão fazendo músicas mais rock n' roll e de inquestionável qualidade, porque nem eles nem a gravadora querem perder o público inicial  e porque foi com esse som original que eles se destacaram na multidão e alcançaram os grandes palcos. Istoé, a banda pode ficar mais pop, mas nós passamos a ter músicas questionadoras com enlouquecedores riffs agora no mainstream - já que o som antigo é em parte mantido. Em consequência disso, muito mais gente terá acesso a esse tipo de som e mais gente vai querer fazê-lo. Quanto mais difundido o rock, melhor. Temos mais gente criando e recriando em cima daquilo e mais gente questionando e criticando da mesma forma que fazem as letras das músicas. E essa ampla difusão só o mainstream permite. Um estilo musical preso no underground, por mais que não contribua com as grandes empresas, fica desconhecido pelas pessoas. A verdade é que o mainstream é que movimenta música.
       Não vou negar que me revolta baixar o cd de uma banda que eu adoro e encontrar musiquinhas deprê ou felizes demais que dão vontade de vomitar no meio.  Mas o mainstream é que permite aos gêneros explodir e serem conhecidos mundialmente. Sem ele, não se conheceria o rock mundialmente e, por isso, suas vertentes nunca virião a existir, não teriamos punk, grunge ou mesmo qualquer tipo de rock brasileiro. É uma pena que se pague um preço tão caro pela fama, o preço de tudo no capitalismo: contribuir com a terrível lógica materialista em que vivemos. A parada é séria, as bandas passam de rebeldes a escravos das gravadoras. É uma ironia, até mesmo porque eles passam a ser rotulados como "astros do rock", quando na verdade se tornam prisioneiros do pop. Não queria colocar as gravadoras como vilãs, até porque elas estão inseridas em todo um sistema e também não se pode generalizar! Mas o que elas, no geral, querem é fazer mais e mais dinheiro com a banda e acabam a transformando em um negócio, como tudo no capitalismo. A culpa não é delas, mas da lógica em que vivemos e da mentalidade que temos incrustrada nas nossas mentes. E os musicos também estão presos a essa lógica, todo mundo no fundo no fundo quer uma vida melhor. As bandas que não se vendem são nobres pois se opõe na prática a essa lógica, conservando a qualidade de seu som por completo. Porém, se nenhuma banda se entregasse à fama...a música não se espalharia mundo afora, o que é algo necessário para o bem da música, mesmo que se entregar ao mainstream contribua para tantos outros males... É a forma de mover a música hoje, é o caminho principal e certeiro da difusão na atualidade. Alternativas existem, mas  sua eficácia é rara, as bandas que conseguem subir ao topo de outras formas são escassas. Estamos ainda dependentes da grande mídia para a grande divulgação. A internet seria a principal alternativa, já que a circulação de informação é livre e global, mas a quantidade de coisa é tanta, que sua banda acaba perdida na multidão, conhecida pelos poucos que por acaso toparam com ela no meio do imenso mar da net
        Mudar essa lógica, só mudando o mundo. Bora?

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

a guerra e o dinheiro

       No post anterior, falei do uso da mídia na alienação e manipulação das pessoas. Isso se dá, pois os grandes meios de comunicação estão nas mãos dos grandes empresários. Dessa forma, há uma parceria da indústria de bens de consumo com a indústria do entretenimento, que lucram gigantemente ao transformar a população em expectadores passivos que consomem e trabalham - alimentando o sistema. Não é nos deixado tempo ou dado espaço para refletir, o que nos mantém sob controle e fiéis ao modelo atual, já que não enxergamos as raízes dos problemas e a possibilidade de mudança do quadro atual. Consumimos acreditando em um mundo imutável. Mas, como já falei e refalei por aqui, isso não é verdade. Nada que nos é imposto é imutável, mas fruto de um processo que tornou o mundo como é hoje, podendo, assim, ser alterado. Juntos nós podemos muito, o povo injustiçado é a maioria. 
       Dentro da indústria de bens de consumo temos os mais diversos produtores das mais diversas mercadorias, entre os quais a indústria bélica. A indústria bélica foi no século XX e ainda é hoje uma das mais lucrativas, senão a mais lucrativa nos EUA e no mundo. Os fabricantes de arma têm um papel fundamental na movimentação de toda a economia mundial. Por isso, esse é um setor da indústria que todos os poderosos, assim como o governo norte-americano, querem preservado. Se as fábricas repentinamente fechassem, teríamos um súbito rombo na economia, uma quebra no sistema e uma redução muuuuito mais do que significativa nos lucros dos que hoje estão no topo da pirâmide, provavelmente levando a uma crise mundial. Logo, um mundo sem guerras seria um mundo muito menos lucrativo.
        Podemos concluir a partir desses fatos que a paz mundial não chegaria nem perto de alimentar a imensa ganância de grande parte dos grandes empresários. E, acreditem ou não, eles querem que sempre haja guerras. O próprio governo norte-americano, que alega guerrear em busca de um mundo mais civilizado, menos conflitante e totalmente pacifico, precisa da guerra para manter sua economia entusiasmada e entupida de capital rodando. Por isso se tem tanta guerra no mundo. Não é apenas porque o ser humano diverge nas mais diferentes questões, mas porque a guerra dá dinheiro. Os motivos para as guerras são, na maioria das vezes, desculpas para se continuar fazendo dinheiro. Os EUA estão sempre à procura de novos inimigos com quem guerrear. E percebam que as guerras atuais nunca são travadas em território estadunidense - deixando-os intactos. Com o fim da Guerra Fria, trocaram-se os comunistas pelos árabes. Uma vez dizimado o Oriente Médio, a grande potência mundial terá que achar novos adversários. 
        E essa lógica é o cúmulo da desumanidade hoje. A mídia vende a guerra como necessária para nós, enquanto na verdade na maioria das vezes é um pretexto para se continuar fabricando material bélico. Vidas e mais vidas são perdidas todos os dias para que a indústria bélica se mantenha ativa. É um absurdo sem tamanho! E só mostra como o mundo de hoje está inacreditavelmente horrível. A que ponto chegamos? Extrapolaram-se todos os limites do certo e errado, tudo por causa de pedaços de papel chamados de dinheiro. O homem chegou a um ponto em que a mentalidade materialista tomou conta além do imaginável, o impedindo de enxergar a cruel desumanidade de seus atos. A lógica capitalista prendeu a todos e a mídia que os poderosos usavam para cegar aos outros já cega a eles mesmos. Eles não conseguem mais viver sem todo esse lucro, sua mente não suporta parar de ganhar mais, mais e mais. Istoé, acabamos todos, até aqueles que incialmente tinham o controle, consumidos pelo sistema e pela mentalidade do "ter". A verdade é que estamos TODOS cegos, alimentando o mais vil, diabólico e sádico sistema que se pode imaginar. 
      Aqueles que enxergam precisam abrir os olhos dos outros. Precisamos lutar contra a corrente, ir na contra-mão da manipulação midiática e da mentalidade materialista. É hora de abrirmos os olhos para a loucura que é o mundo de hoje e usar as ferramentas que temos ao nosso dispor para reverter a situação. Pensar no humano, em uma realidade mais justa e, juntos, conquistarmos um novo mundo, quebrando com o atual. É uma tarefa mais do que árdua e até mesmo abstrata, mas se cada um fizer algo para tentar mudar - dar uma contribuição - podemos chegar longe. Pense, discuta, faça.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

sem espaço para refletir

       Refletir, enxergar e pensar a realidade parece ter se tornado pecado. Quando não estamos trabalhando ou comprando, nosso tempo livre é ocupado pelas várias formas de entretenimento que temos hoje em dia. Não resta tempo para pensar. Todo dia, a grande maioria da população ocidental chega exausta do trabalho e vai logo se jogando no sofá para assistir TV. E na TV aberta, especialmente a brasileira, são raros os programas inteligentes e é minima a minoria que os assiste. Formas de distrações baratas acessam nossas mentes trazendo um mundo de ilusão e tapando nosso olhos da cruel realidade. Depois disso, os telespectadores desmaiam de sono e só abrem de novo os olhos na hora de ir trabalhar. É assim que a mídia trabalha para impedir que paremos e pensamos no mundo.
        Além do entretenimento, temos a parte informativa - os telejornais, o jornal escrito e os sites de notícias - que deformam a informação conforme lhes é de melhor serventia ou simplesmente as repassam como recebem das grandes agências de notícias que hoje monopolizam a maior parte da informação, organizações que distribuem informação mundialmente com a desculpa de serem consideradas as únicas fontes "seguras". As notícias são dadas sem dar espaço para que se reflitam sobre elas, sendo absorvidas igualzinho a todos os outros programas televisivos. O que agrava a situação é que a maioria das pessoas só tem acesso ao telejornal. Sim, existem bons jornais escritos que trazem opiniões diversificadas e até propostas reflexivas, mas a maioria da população não os lê. Existem também inúmeras boas fontes de informação na internet, mas, dos poucos que hoje tem acesso à web, é ainda menor a parcela que não se perde no turbilhão de informações e não acaba se restringindo aos sites grandes, os quais emitem as mesmas notícias mastigadas da televisão. A internet é um universo amplo, mas dificil de filtrar.
        Sem reflexão, não há uma percepção de como, quanto e por que a realidade está tão injusta e desumana. E sem que se percebam os milhares de problemas que tomam nossa sociedade, a imensa desigualdade na qual estamos imersos e a razão de tudo isso, as pessoas acabam passivas, apenas contribuindo e alimentando o desequilibrio, consumindo e trabalhando. Só no momento em que a grande maioria tiver o tempo e o espaço para refletir é que se poderá haver a busca por mudança, a quebra desse sistema falho e a criação de um mundo mais justo. A mídia é fundamental na manutenção do terrível contexto mundial em que vivemos. O importante é tentar ter um olhar crítico diante dela, perceber que aquilo exposto nos jornais é apenas um ponto de vista. Aquilo não é a verdade, a verdade absoluta não existe.

sábado, 30 de janeiro de 2010

HQs subestimadas

    Hoje é dia do quadrinho nacional. Aproveito essa data pra falar um pouco da importância da HQ e de como essa arte é muito subestimada. O universo das histórias em quadrinho é muito amplo, nele já foram criadas os mais diversos tipos de histórias, com os mais variados personagens. Muita gente ve o gibi como coisa de criança, mas isso é um total equívoco. Existem desde as histórias para o público infantil, que acabam por ser a maioria e as de maior divulgação e publicação - principalmente no Brasil - até quadrinhos que abordam os temas mais sérios e adultos.
     As HQs podem ser educativas, críticas, políticas, de tramas complexas, sanguinárias ou controversas. Já foi desenhado e escrito todo tipo que se pode imaginar, ainda mais se pegarmos as histórias underground. Peguemos artistas como Robert Crumb e Art Spiegelman. Eles fazem um trabalho realmente artistico, de intensa profundidade, em que há um olhar critico e uma expressão expontânea do artista em sua obra. É um uso fora do convencional da HQ, e diria que uma das melhores formas de utilizá-la. Por outro lado, temos os mais tradicionais e divulgados, como os de super herói. As duas grandes empresas de quadrinho norte-americanas Marvel e DC dominam o mercado, e devido a sua tradição, tem uma imensa importância na cultura pop. Mantém até hoje gibis dos anos 40, como do Batman, Homem Aranha e Superman, personagens que se tornaram ícones pop, uma vez difundidos nas mais diversas mídias, e são mundialmente conhecidos até pelo cara mais leigo em HQ.E eles surgiram dos quadrinhos.
    Essas gigantes editoras, se adaptando ao mercado e à ampliação do público, foram obrigadas a sair do convencional e criaram selos  para a publicação de outros tipos de histórias, como o selo Vertigo, que publica títulos como Hellblazer John Constantine e Sandman. São histórias para adultos com personagens muitas vezes de moral  distorcida e sem o politicamente correto bem vence mal dos super heróis. Até mesmo as histórias de super heróis já perderam essa característica, se tornando cada vez mais complexas e menos bobas e infantis como de início. Heróis com crises existenciais e/ou que matam gente não faltam hoje.
    As histórias em quadrinhos são e já foram usadas para as mais diversas empreitadas, como representar um fato histórico, ilustrar uma época por exemplo. Revoluções e independências já foram colcadas nos quadros sequenciais!
   Bom, não faltam exemplos do uso da ferramenta HQ e eu poderia ficar o dia todo aqui citando mais e mais, mas acho que já mostrei bem o que quero dizer. A nona arte pode ser usada para milhares de fins, sua produção é barata e sua leitura muuuito longe de exaustiva. É um meio de comunicação importante e significativo que não deve ser desprezado. E hoje com a internet o acesso aos mais distintos materiais está cada vez mais fácil. Qual o seu interesse? Pesquise, pois pode ter uma HQ abrangendo exatamente o assunto que você curte! Um feliz dia da HQ nacional para todos.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

a beleza do show de rock

       Cada pessoa tem sua maneira de ver o mundo. Cada um de nós tem uma visão política, uma doutrina ética, uma religião, gostos distintos pelas mais diferentes coisas e uma maneira própria de levar a vida e lidar com trabalho, família, relacionamentos amorosos, etc. E são essas milhares de diferenças entre nós que muitas vezes nos separam, impedindo uma união de todos em prol de um suposto bem maior. E quanto mais a população mundial cresce, mais os conflitos nas mais variadas escalas se agravam. Países se fragmentam em países menores, povos disputam com outros povos e alcançar a paz mundial parece ainda mais remoto do que antigamente. O fato é que a paz não existe porque existe um jogo e choque de interesses, tanto mundialmente quanto na menor escala imaginável.
       Poderia discutir aqui esses conflitos que muitos estão careca de saber e até discorrer sobre como a potência norte-americana se aproveita deles para dominar as regiões com seus soldados, na tentativa de expandir seu imperialismo, e não de ajudar. Afinal, por que eles iam querer a paz mundial se a guerra é muito mais lucrativa financeiramente? (Risos) É, mas a função desse post não é analisar/criticar a política mundial, apesar de eu já ter me aproveitado pra dar uma espetada! 
       A verdade é que são raros os momentos em que temos uma união conjunta de todo uma multidão de pessoas de distintas visões de mundo e classes sociais em torno de um único motivo, uma causa. É raro esse momento, um momento em que as diferenças não importam mais  e os preconceitos são deixados de lado, porque todos estão ali pela mesma razão.
       
       Um exemplo de momento igual a esse é o show de rock. É aí que está a beleza do show de rock. Nele todos estão lá pela banda, todos, independente de raça ou religião, são fãs da banda e curtem rock n' roll! Estão lá para ouvir e ver os artistas que tanto gostam e curtir o show juntos, pois têm esse gosto em comum. E é lindo isso. O poder que o rock e a música em geral têm de criar uma identidade entre as mais diferentes pessoas, de uni-las e de quebrar as fronteiras construidas pela vida e a sociedade é impressionante, parecendo trazer um momento de esperança em uma sociedade tão afastada entre si. Durante uma, duas horas, essas fronteiras são esquecidas, se dissolvem e deixam de existir. E o mais incrível é que a maioria das pessoas não percebe. 
         Me alegra saber que existem ainda meios de reunir as pessoas em torno de uma paixão em comum, fazendo com que se esqueçam as diferenças e os conflitos cessem. Mas ainda é desilusório saber que a tendência hoje é outra, é o isolamento. As pessoas estão se separando uma das outras e essa desagregação, cada vez maior, em pequena escala só se reflete nas guerras em grande escala. O mundo está desunido, isso só abre espaço para mais caos e injustiça, nos colocando cada vez mais longe de qualquer utopia. Essa é a realidade e só depende de nós mudá-la, começando por tentar se aproximar mais daqueles à nossa volta e quebrar nosos preconceitos pessoais. Mais que nunca, precisamos fazer um esforço e sermos mais solidários. Não é tão dificil quanto parece e pode fazer toda a diferença no mundo. Você pode.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

a valorização do "ter"

       
       Hoje em dia se vê nas propagandas uma constante associação de um produto a um estilo de vida, uma forma de expressão, uma personalidade e atitude. Essa estratégia usada para atingir e persuadir o público é um reflexo da importância que a possessão de bens tem na atualidade. O consumismo advém da idéia do individuo precisar ter para se tornar completo, para obter aprovação do grupo - para ser feliz.
       Esse conceito, integrante da mentalidade da maioria de nós hoje, que nos julgamos e julgamos aos outros com base nas posses materiais move todo um sistema baseado no consumo. Essa necessidade de se ter é que gira a grande roda capitalista. Os mais diversos produtos surgem porque existem consumidores para eles e porque existe gente criando, ampliando e comprando empresas e negócios com o fim de lucrar cada vez mais, para poder ter cada vez mais. É obvio que precisamos comprar para viver, mas nós realmente precisamos ter tudo que temos ou almejamos ter? Não seria possivel viver com um número muuuito menor de bens? E, a questão mais importante, não seria errado e estúpido julgar e ser julgado pelo que se tem?

       O mais peculiar é que, além de todos quererem cada vez mais ter e ter, cada vez mais, todas as pessoas querem ter a mesma as mesmas coisas. O desejo da maioria acaba direcionado para determinados commodities. Istoé, todo mundo quer a mesma coisa. Pode ser um item especifico ou uma marca. E, na maioria das vezes, o que é desejado não é necessidade e não vai mudar a vida da pessoa de nenhuma forma efetiva ou crucial. Se pararmos para pensar, a cada dia acumulamos mais e mais lixo em nossas casas que, de inicio eram a última moda, e agora não servem pra mais absolutamente nada. Não precisávamos daquilo, compramos para atender um desejo, atendido o desejo a coisa se torna obsoleta.


        Quem ganha com isso são os fabricantes, produtores dos produtos, que lucram cada vez mais, enriquecendo às custas de consumidores que economizam até o último centavo de seu salário para comprar o que almeja. E quanto mais uma marca lucra e cresce, menor a concorrência e menor a necessidade da empresa de aprimorar seus produtos e dar uma boa qualidade de vida a seus trabalhadores, uma vez que essa marca acaba por comprar as outras - menores. Estagnando cada vez mais o mundo e a sociedade e aumentando as desigualdades. Em consequência disso, crescem problemas como o desemprego, a pobreza e a desigualdade social em todas as escalas.

        Entretanto, os grandes fabricantes, também prisioneiros dessa mentalidade consumista, só pensam em ganhar mais e mais capital, aumentando seu monopólio e usando da propaganda não simplesmente para falar bem de seus produtos, mas para reforçar essa mentalidade do desejo e da necessidade do desnecessário, do ter como indicador de quem você é. E é essa abordagem que vemos todo dia nas mais diferentes mídias que não nos deixa mudar essa mentalidade e perceber a pouca importância que um excesso ou tipo/marca especificos de bens materiais têm perto de tantas outras coisas na vida.
       É fato que essa forma materialista de se pensar já está mais do que incrustrada em nossas mentes, ainda mais por ser reforçada todo dia pelos meios de comunicação. Porém, precisamos parar um minuto e pensar sobre os efeitos de um estilo de vida baseado no "ter" para todo o mundo e, em consequência, para você, e tentar consumir menos. É só refletir no que realmente é importante na vida, o que é essencial e o que é de realmente grande valor, principalmente a longo prazo. Estamos cada vez mais imediatistas e materialistas. É hora de valorizar  o que realmente importa, aquilo que não é descartável e substituivel como os pertences. Troque o material pelo o humano.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

o rock e a música nos 00


       Bom, decidi fazer um post sobre música. Mais precisamente sobre rock, o melhor e mais amplo e diverso tipo de música que há! Desde o seu surgimento a partir do blues nos anos 50 nos EUA, o rock evoluiu ese construiu e dividiu nas mais diversas formas, sendo reciclado e repensado sempre, o que gerou as muitas vertentes que temos hoje. Cada década do século XX teve seus estilos musicais mais marcantes, que rotularam de certa forma suas respectivas décadas. Terminado o século XX, chegamos ao século XXI (é, o mundo não acabou e não vejo nenhum carro voador) e, exatamente neste momento, já se vive o começo dos anos 10. Uma década inteira do novo século se foi e uma das perguntas que ficam é: O que os anos 00 trouxeram de novo à música ou Quais os estilos que marcaram a década?
      Essa é uma questão delicada, mas pode se resumir numa simples resposta: Não trouxe muito de novo não.
      Tivemos bandas de Rock Alternativo. Rock Alternativo esse que foi o mais próximo do rock que as "novidades" dos anos 00 puderam trazer. Um rock nada pesado, simples e sem grandes inovações. Não que o som não fosse bom, gostoso de ouvir, mas não foi nada que ninguém nunca tenha feito antes, mesmo que em outro contexto. O que foi uma decepção, uma vez que os roqueiros poderiam abusar das belezinhas produzidas no passado, se apegar a referências e a partir delas trazer algo novo. Há muito material desse século que se foi para ser trabalhado e repensado. Mas não, todas essas bandas soaram muito parecidas umas com as outras, tocando algo simples e já obsoleto, já arcaico.
     Na música pop,  essa década começou com a adoração da garotada às supostas bandas Emo, suposta vertente do rock. Músicas deprimentes, misturando Pop Rock, Baladas Românticas e um pouco de hardcore. Esse Emo que tanto fez sucesso não foi o Hardcore emotivo préexistente, mas muitooo pior, sendo uma versão mais pop, mais superficial e, ao desenrolar de sua popularidade, mais batida! A febre foi tanta que chegamos a ter bandas emo no Brasil! Destacam-se ainda as melosas músicas, a black music que raramentre questiona alguma coisa, com minas muito gatas e "rappers" com cara de mal sem nada em comum cantando juntos, seguidores da fórmula Britney Spears, bandas que eram de rock cada vez mais pop... Nada musicalmente relevante. 

        Em meio a essa mesmice, houve certas experimentações, um caso ou outro de tentativa de buscar o novo em cima de influências diferenciadas. Como o White Stripes, a dupla com músicas que bebiam tanto do blues quanto do punk. O Mars Volta...influenciados por jazz, progressivo, punk, com músicas de durações muuuito variadas. Entre outras, raras excessões em meio a mesmice musical da década..
                 É, essa década foi fraca. Se criou e recriou tanto no século XX, mas, por alguma razão a geração XXI parece querer parar no tempo. Mas é claro que existem muitas bandas da atualidade escondidas por trás da divulgação midiática, meu conselho é ir atrás das excessões, ir atrás do underground, deve ter muita coisa louca por aí...e, claro, pra quem estiver disposto, levantar a bunda da cadeira e ir fazer música. Se quem está aí não quer inovar, vamos nós lá tentar reinventar a música! Vale a pena tentar...imagine ser o próximo Ícone do Rock! Uma boa, hein? rss
     

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

o começo do fim da passividade do consumidor

     De uns tempos pra cá, apenas ver TV, ouvir rádio ou ler jornais perdeu a graça. Simplesmente observar estaticamente e absorver conteúdo não é mais suficiente para nós, cidadãos da pós-modernidade! Com o desenfreado desenvolvimento da tecnologia e o crescimento constante da facilidade de se obter informação, a relação entre consumidores e a indústria de entretenimento vem mudando de forma. A interação entre mídias e pessoas só tem ganhado espaço, uma vez em que há a possibilidade de se divulgar filmes caseiros e outras criações amadoras de quem tem pouca grana. Os meios de comunicação deixam de ser controlados pelas grandes empresas, trazendo à tona obras de "pessoas comuns" a grande público.
     Essa falta de controle dos consumidores agora criadores aflige grande parte das grandes empresas, já que seu poder de provedora do entretenimento é limitado por esses novos provedores, que podem ser qualquer um com um computador e uma câmera de celular na mão. Por isso, muitas empresas acabam por tomar medidas proibicionistas, limitando e restringindo a liberdade dos indivíduos quanto à produção de determinados materiais.
       Por outro lado, outras empresas vêm apoiando essa liberdade, buscando usar do que produz o consumidor para divulgar as suas respectivas marcas. Estratégia bastante inteligente, apesar de complexa.  Conseguir ter sua marca divulgada e chamar a atenção dos que consomem em meio o turbilhão de informações que vivemos hoje é uma árdua tarefa.  Usar dos produtores amadores de informação para tanto é uma boa sacada, mas também de difícil execução.
      O fato é que é interessante como essa nova dinâmica gradativamente quebra em parte com a alienação dos antes meros expectadores. A expressão de opinião, diferentes pontos de vista, discussões e o acesso a diversas formas alternativas de arte é algo revolucionário, no momento que amplia a cabeça das pessoas para uma gama muito maior de conhecimento a cerca do mundo em que vivemos.
       Resta a nós começar a participar, contribuindo com nossas próprias formas de expressão, ajudando na reversão do cenário antes vigente. Vamos lá, todos podem mostrar o que tiverem a mostrar pro mundo!

domingo, 20 de dezembro de 2009

fiasco global

          Mais uma vez, as conferências internacionais comprovam e, galera os fatos tão aí- não adianta discordar, que os líderes mundiais são uns merdas não cumprem seu papel e sua função em representar e zelar pela população. Atender as vontades de um pequeno grupo parece vir primeiro do que as atitudes necessárias para o bem de tudo e todos. O aquecimento global é uma realidade, é inquestionável. A temperatura está subindo e fenômenos climáticos fora do comum já estão ocorrendo. Se o homem continuar abusando da natureza como está acostumado, vai acabar em catástrofe mundial e todos nós, sem excessão de classe, raça ou religião, morreremos.
         Diante disso, a Conferência de Copenhague foi convocada no intuito de que metas fossem tomadas por todos os países agora para evitar esse futuro. Metas desse calibre foram apresentadas? Não! Os países mais poluentes do mundo não se propuseram a uma redução da emissão nem um pouco perto do aceitável. Parece que ninguém percebeu a gravidade da situação. Medidas radicais são necessárias. É a vida da humanidade que está em jogo aqui.
           É, tanto estardalhaço em torno da COP15 para nada! Os governantes decepcionaram. Só pra dar uma quebrada na rotina, né? Já que eles sempre fazem tudo e dão o sangue por seu povo...Por que não deixar todo mundo na mão dessa vez pra variar? 
           A verdade é que isso só mostra como o modelo de governo atual é falho. O fiasco que foi a COP15 é só um reflexo do fiasco que é o modelo de governo que presenciamos hoje no ocidente. Que tipo de democracia é essa em que a vontade da maioria é deixada em segundo plano? Democracia significa governo do povo, mas os governantes que no poder estão não me parecem estar representando o povo que os elegeu.
           Olhando desse ângulo, pode-se concluir que não vivemos hoje uma democracia. O povo não detém, direta ou indiretamente o poder. E é, mais que nunca, necessário mudar isso. Buscar uma forma de governo mais justa. Qual é ela? Não sei dizer. É preciso uma análise do sistema atual como um todo, de sistemas antepassados e da sociedade como um todo. Como derrubar o que está vigente e implantar uma forma nova? Bom, no momento que se encontrar um sistema mais justo para todos e uma grande quantidade de pessoas se der conta disso, é natural uma mobilização de todos para que haja mudança. Hora de repensar tudo que hoje é colocado para nós como realidade imutável.