quinta-feira, 22 de abril de 2010

nada x tudo

    Hoje vou falar de tudo e de nada ao mesmo tempo. Acho que vou falar de tudo porque é uma grande façanha conseguir abranger a existência por completa em um post de blog! E acho que não vou falar de nada porque, bom... dá muito trabalho e é muito cansativo falar sobre alguma coisa, qualquer que seja. É nessa contradição sim que começo meu post, porque é nessa contradição que a sociedade vive hoje. Uma sociedade em que tudo é nada e nada é tudo.
   Bom, para explicar um pouco melhor do que estou falando, pego uma frase muito recorrente nos dias de hoje e uma verdade inquestionável: "Tudo em excesso faz mal". Seu médico já deve ter te dito isso ou você ouviu na TV. O caminho para uma vida saudável é a moderação. O segredo para o equilibrio em tudo é a moderação. Por isso hoje vivemos na era da desigualdade, porque hoje vivemos na era dos excessos.
    É só andar nas ruas para ver o excesso. O excesso impregna a sociedade máléficamente. Vemos propagandas em excesso, produtos em excesso, imagens em excesso, padrões estéticos, de comportamento e consumo nos bombardeiando intensivamente e excessivamente. É vendido para nós que o caminho para a felicidade é o trabalho e o consumo em excesso. E é aí que a desigualdade se dá: na busca do homem pelo excesso de commodities, logo de dinheiro.
     O excesso constitui no extremo. E viver em um extremo leva ao desequilibrio. A sociedade está material ao extremo. Temos milhares e milhares de produtos para serem consumidos e as pessoas fazem de tudo para tê-los. Cada vez mais coisa é fabricada, mais é consumido, se vê de tudo por aí para comprar. Tudo, tudo. É só procurar que você achará tudo em termos materiais. E o homem quer tudo hoje, quer ostentar todo tipo de coisa para sentir que tem poder, que está completo e com isso, encontrar a felicidade. Quem tem tudo, é feliz - esse é o discurso.
      Mas será que é verdade? Quem consegue comprar tudo é feliz? Ter tudo é o caminho ou isso é só um discurso construido? Pense bem, quem tudo tem o quê? O que realmente importa na vida? Coisas, bens commodities, produtos? É isso? Isso completa o individuo? Isso basta? Os outros individuos então não servem de nada senão de meras alavancas para que se alcançe esse poder aquisitivo e aí seja feliz?
      É isso que nos é vendido como verdade hoje. Que o dinheiro pode comprar tudo, e que isso traz felicidade. Mas esse tudo que o dinheiro pode te comprar na verdade não é nada. Quem tem tudo nesse caso não têm nada. É o excesso que gera a falta - sempre vai se querer mais e nunca será suficiente, e mesmo que desse pra se alcançar tudo... than what? A real é que todos esses produtos não têm profundidade alguma, são objetos inanimados sem emoções, sem vida. Uma vida completada por coisas materiais é uma vida incompleta, completada por nada mais que nada. Fica um vazio, não há um significado, uma alma em tudo isso. E, muitas vezes, quem não têm nada dessas coisas, não possui nada, nenhuma posse, é quem tem realmente tudo. Porque ele deve ter pessoas que gostam dele, amam ele e as quais ele ama e gosta também, se relacionando e criando laços, tendo momentos significativos; e/ou algo que ele faça e se sinta realizado, algo com que ele se descubra e se supere, criando, descobrindo e aprendendo a lidar... ou seja, coisas que realmente importam, independente de trazerem dinheiro ou não. Dinheiro é essencial para a sobrevivência, mas sobreviver é o mínimo, não significa que a pessoa seja feliz só por isso.
     A fórmula para a felicidade não existe, mas comprar bens materiais em excesso com certeza é que não é. Nada é tudo.

Um comentário:

  1. João nada x tudo são opostos , logo vc. tem razão, ambos nada valem. Seria bom que os "consumidores compulsivos" lessem essa matéria para se convencerem e refletirem na sua proposta. O caminho precisa ser descoberto, e o pior que gente tem que não perde tempo para pensar , pq precisa comprar. comprar, comprar...Parabéns

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